segunda-feira, 30 de março de 2009

ACTIVIDADES ECONÓMICAS EM MOURAZ

A agricultura, a pecuária e a silvicultura foram, desde os primeiros povoamentos das terras de Mouraz até meados do século passado, as actividades económicas dominantes, existindo, contudo, algumas pequenas unidades transformadoras como moinhos e lagares de azeite, instalados nas margens do Rio Dinha e do Ribeiro dos Lobos, e pequenas produções artesanais de que daremos conta mais adiante.
Das listas dos tributos a pagar pelos agricultores, constantes das antigas cartas de foral, pode-se inferir que nos séculos XV e XVI as culturas com maior importância para a economia local eram os cereais (milho painço, centeio, cevada e aveia), o vinho e o linho, fazendo-se igualmente referência a leguminosas, hortaliças e frutas: lentilhas; alhos; cebolas; melões; ameixas; castanhas; nozes; pinhões e avelãs. A cultura do trigo, que tinha sido praticada durante os séculos XII e XIII, encontrava-se, já naquele período, praticamente abandonada pelos habitantes de Mouraz. Ao compararmos aquelas produções com as actuais verificamos que três se extinguiram – a do trigo, a das lentilhas e a do linho -, e outras, como o centeio, a cevada e a aveia entraram em decadência acelerada em meados do século passado sendo hoje o seu cultivo muito reduzido. Porém, a batata, o azeite, o feijão e o milho grosso foram-se implantando, sendo hoje, juntamente com o vinho, as principais culturas locais.
No primeiro quartel do século passado ainda se cultivava o linho em terras de Mouraz. Não há muitos anos que as pessoas mais antigas recordavam e falavam das plantações de linho, da colheita e do ripar da planta, dos molhos (augadoiros) a curtir mergulhados no rio e no Ribeiro dos Lobos, da baganha a secar nas eiras para dela se extrair a linhaça e das “miadas” estendidas ao sol a corar.


In Mouraz História e Memórias, António Fernando Dias de Almeida

OS LAGARES DE AZEITE NO CARVALHAL DE MOURAZ

Com a chegada da electricidade a Mouraz, no ano de 1953, Pedro de Abreu Madeira desactivou o velho lagar ribeirinho da Tapada e construiu na entrada norte do Carvalhal, em frente à sua residência, um lagar de azeite electrificado, mais moderno e com maior capacidade de produção. Ao Carvalhal de Mouraz chegavam carregamentos de azeitona não só da freguesia de Mouraz mas também de outras freguesias do concelho, e mesmo de concelhos vizinhos, atraídos pela maior eficiência do processo de fabrico e pelo profissionalismo dos lagareiros. O lagar tornou-se um importante local de convívio entre os seus trabalhadores, os habitantes da freguesia e os forasteiros que ali vinham fazer o seu azeite. O “molhar a sopa” no azeite ainda quente, as batatas com bacalhau assado na fornalha e o próprio calor das caldeiras ajudavam a passar as longas noites frias de Janeiro.


In Mouraz História e Memórias, António Fernando Dias de Almeida